De “causas naturais”, morreu, sem mistério, drama ou angústia aquele que é considerado o pai dos filmes de suspense: Alfred Hitchcock. Hitchcock terminou seus oitenta anos de vida tendo dirigido 66 longa-metragens, sempre se mantendo fiel a si mesmo, escolhendo o que queria filmar e como iria fazê-lo. Hitchcock, durante seus quase 40 anos de carreira, realizou um cinema autoral, mantendo sua assinatura numa época em que Hollywood era dominada pelas grandes produtoras. Entre seus filmes de maior sucesso estão Rebecca (1940), Festim Diabólico (1948), Janela Indiscreta (1954),O Homem que Sabia Demais (1956), Um Corpo que Cai (1958), Psicose(1960).
Apesar de admirado na Europa, principalmente pelos críticos franceses que integravam o movimento artístico e contestador da Nouvelle Vague (década de 60), Hitchcock não foi devidamente reconhecido nos Estados Unidos: ele nunca ganhou um Oscar e seu longa Um Corpo que Cai, considerado por muitos sua obra-prima, foi um fracasso comercial na época.
Ao misturar humor e suspense, o cineasta inglês, que fez sua carreira do outro lado do Atlântico, construia seus longas de forma que o espectador sentisse insegurança, medo, compaixão e alívio. A forma como filmava, transformando o espectador em voyeur, fazia com que este só descobrisse o assassino junto com o protagonista no final da história – o espectador, assim como o personagem, recebia pistas visuais ao longo da trama, tendo que ligar todos os pontos para chegar à solução final. Seu estilo de filmar ia contra a ação, ele tentava suspender o tempo; quando um personagem via algo de perturbador, por exemplo, em vez de mostrar logo a causa de tamanha inquietude, mantinha a câmera parada na expressão do ator, aumentando a curiosidade do espectador.
“Meu nome está ligado aos filmes de suspense, de horror. Sou o único cineasta, assim, a ter um gênero bem determinado. Mas não sou prisioneiro desse gênero que criei. No interior desse gênero, meus filmes são variados”, disse Hitchcock certa vez sobre seu modo de fazer cinema, acrescentando que para realizar esses filmes, tentava “contar uma história num estilo bem visual e cinematográfico”.
Fonte: Jornal do Brasil
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