"Estou envergonhado, mas penso que ainda serei de alguma utilidade ao povo. Perdemos a guerra porque não tínhamos armamentos suficientes. Tínhamos somente a vontade de vencer" Shoichi Yokoi
O sargento japonês Shoichi Yokoi, 56 anos, foi encontrado por caçadores na Ilha de Guam, colônia norte-americana ao norte do Oceano Pacífico, depois de sobreviver 28 anos em uma caverna na selva, alimentando-se de peixe e plantas silvestres, tal como a aventura de Robinson Crusoé.
Yokoi foi combatente na Segunda Guerra Mundial. Recrutou-se no Exército Imperial do Japão em 1941, e seguiu com sua tropa naquele mesmo ano para uma missão militar nessa ilha logo após a sua ocupação pelo Japão. Em 1944, com a retomada da região pelas forças norte-americanas, cumpriu as severas ordens militares nipônicas: recusou-se a se render. Fugiu, então, para a selva com mais nove soldados japoneses que, diante da luta pela subsistência, morreram no isolamento.
Anêmico, com pouco mais de 40kg, o veterano demonstrou lucidez, embora tenha se surpreendido ao saber do fim do combate. Leal servidor do Imperador, Yokoi foi recebido como herói por mais de cinco mil pessoas no aeroporto de Tóquio, onde chorou e pediu desculpas pela derrota japonesa no conflito.
O choque cultural da readaptação
Shoichi retornou à vida social, casando-se, ainda em 1972, com Michiko Hatashin, 44 anos. Mas o ar poluído, a TV em cores, a ida do homem à lua, os ideias de liberdade, os entre outros aspectos da modernidade, mantiveram-no em um permanente estado de conflito cultural e emocional.
Nas quase três décadas em que Yokoi viveu sua solitária exclusão da civilização, o nação japonesa passou por um intenso processo de industrialização e transformou-se, a partir das cinzas, numa superpotência mundial.
Yokoi morreu em 1997.
Fonte: Jornal do Brasil
Comentários